segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Religiosidade em Ó pai ó

Créditos: divulgação

O filme de 2007, dirigido por Monique Gardenberg e ambientado na Bahia, gira em torno do prédio onde funciona o cortiço da Dona Joana (Luciana Souza). O estabelecimento, de um modo geral, representa resumidamente as diferentes culturais existentes na Bahia, principalmente a religiosa. Os cultos africanos, através dos personagens da mãe Raimunda (Cássia Vale) e da baiana (Rejane Maia), o protestantismo, com a própria dona Joana e o catolicismo com o Sr. Jerônimo (Stênio Gracia), dono da loja de antiguidades religiosas, são exemplos trazidos pelo filme dessa diversidade.
Apesar da cultura apresentada através da música, das imagens da cidade de Salvador e também do próprio carnaval, símbolo da região, Ó pai ó é uma película que se apega diretamente aos estereótipos religiosos.

Durante todo o longa-metragem há um claro embate entre dona Joana, representada de forma caricata como uma evangélica intolerante e preconceituosa que persegue os inquilinos por causa de sua religião, e a mãe Raimunda, trambiqueira e charlatã, que mora no prédio e atende os clientes em sua casa.
As cenas dessas personagens proporcionam os momentos engraçados do filme, porém são carregadas de preconceito. Em determinados momentos, dona Joana chega a xingar a inquilina de “feiticeira de araque” e “macumbeira”. Da mesma forma a mãe de santo, ao se referir à dona do prédio, fala de maneira grosseira e beligerante. Sabemos que existem manifestações de preconceito e intolerância entre esses credos e muitos outros, esse fato é inegável. No entanto, isso não pode ser encarado como algo cultural e aceitável. Não se pode achar que isso é cômico. Diante disso, Ó pai ó é um filme que reforça estereótipos religiosos e mostra de maneira cômica a violência e o desrespeito entre pessoas de crenças diferentes. (por Manoela Raulino)

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