domingo, 22 de janeiro de 2017

Crimes de ignorância

Descrição para cegos: umbandista trajando
roupa branca em meio às cinzas que restaram
de um incêndio no templo que administrava.

Por Douglas de Oliveira

Intolerância religiosa: racismo, segundo o Supremo Tribunal Federal. Inafiançável e imprescritível. Pena de até cinco anos de prisão. Palavras e atitudes de ódio são enquadradas nesse crime. A Polícia Civil deve instaurar inquérito para apurar as circunstâncias do caso. O acusado tem direito a defesa até que a sentença seja estabelecida.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

"Macumbeiros e invocadores do demônio!"

Descrição para cegos: culto de Umbanda realizado em um pátio
por pessoas que dançam trajando vestes brancas.

Por Douglas de Oliveira

“Aquilo é uma manifestação da Pomba-Gira, está cheio de demônios! Também pudera, praticando magia negra, catimbó, macumba...”. Talvez não seja tão doloroso proclamar que o outro está repleto de forças malignas que agem através de sua fé. Escutar isso, no entanto, machuca profundamente. Compara-se a sentar no banco dos réus e sofrer, injustamente, a acusação de cometer um crime horrendo. A condenação vem logo após, repleta de forças do mal embasadas no preconceito de uma sociedade em que hierarquias se sobrepõem ao respeito.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Divagações de um cristão nato e naturalizado

Descrição para cegos: ampulheta apoiada em uma prateleira
horizontal e circundada, em sua base, por um terço.
Por Douglas de Oliveira

Tive um sonho estranho na última noite. Eu caminhava, junto com milhares de pessoas, em um local pouco familiar. Todos usavam roupas parecidas com aquelas típicas da época em que Cristo, encarnado como homem, pregava seu Evangelho. Imaginei que projetava inconscientemente aquele cenário tão significativo para nós, cristãos. Surgiu a rápida impressão de que seria o momento da crucificação.
Havia tanta gente. Eu mal enxergava além da multidão. De repente, todos começaram a se ajoelhar. E, então, já estavam inclinados, com a cabeça baixa como em reverência a reis, apontados para uma só direção. Falavam em uma língua incompreensível. Percebi que não eram judeus ou cristãos, mas sim muçulmanos em uma era atualíssima. Cumpriam seu ritual rotineiro, curvados na direção de Meca. Fiquei atordoado e também me ajoelhei, como se intimidado. Passei a imitá-los automaticamente, embora não entendesse o sentido de cada gesto do culto.