terça-feira, 30 de abril de 2019

Stela Guedes, em sua trajetória, pesquisa sobre o ensino religioso

   

Descrição para cegos: cena do documentário “Crianças de terreiros, redes educativas e diferenças”, em que aparece o perfil do rosto de uma menina negra, usando faixa no cabelo e traje branco, semelhante à indumentária usada em terreiros. O movimento dos lábios da criança dá a entender que ela falava ou cantava quando foi fotografada. Ao fundo, pintura da bandeira do Brasil em muro.  Créditos: Documentário “Crianças de terreiros, redes educativas e diferenças”


Por Mileide Moreira da Silva

    O Brasil é um país rico em diversidades e no contexto religioso não poderia ser diferente. Nesse sentido, ainda predominam as religiões cristãs, a exemplo da católica e evangélica. Essas são bem-aceitas pela maioria popular. Mas, como fica a reação de um país que afirma ser laico, de acordo com a sua Constituição, no que diz respeito às minorias religiosas, a exemplo daqueles que, desde a sua origem, são praticantes das religiões de matriz africana? De que forma vem se comportando a sociedade no que se refere à prática da laicidade? Os praticantes das religiões de matriz africana estão sendo aceitos fora dos seus grupos de convívio comum?


      Em 1992, a jornalista carioca Stela Guedes, foi designada para fazer uma reportagem de final de semana para o jornal O Dia, em terreiros da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, com o objetivo de ver como andavam tais locais de culto, naquele momento. Stela Guedes ficou muito impactada ao deparar-se com a cena de uma criança de 4 anos comandando num atabaque, o culto aos Orixás, e, o depoimento de outras, as quais, traziam de forma marcante, a presença da discriminação em outros ambientes, como a própria escola. A matéria recebeu o título “Os Netos de Santo”, e teve grande repercussão para as comunidades de terreiro.

         Anos depois, já enquanto professora de pós-graduação na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, foi impulsionada a aprofundar pesquisas na área da educação, que resultaram na produção do livro “Educação nos Terreiros – e como a escola se se relaciona com crianças de candomblé”, lançado em 2012. Por fim, em 2017 foi produzido um documentário com o tema.

         Conforme pesquisas realizadas no site do Respeitar é preciso, ao longo de 20 anos de pesquisa, a professora buscou analisar o preconceito contra religiões de matriz africana no ambiente escolar e as dificuldades da implementação da Lei 10.639, de 2003, que prevê o ensino de cultura e história afro-brasileira e africana nas escolas. A pesquisadora descobriu que para os estudantes de religiões afros, a escola é o espaço em  que mais sofrem discriminação, intimidação e vergonha.

      O documentário trata de entrevista dada em 2012, na qual relata de que forma se deu o seu processo de pesquisa, e algumas histórias de vida marcantes e que serviram de inspiração para a composição de seu livro. A produção provoca reflexões, trazendo uma base de grande importância, que, é o contexto educacional brasileiro, onde, a discriminação ainda acontece.


        É de grande relevância trazer para as comunidades escolares estudos no que diz respeito a tais questões, visando conscientizar para que o respeito à diversidade religiosa venha a ser o exercido, sendo este um direito humano.

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