quarta-feira, 24 de abril de 2019

Os direitos humanos e a diversidade religiosa




Descrição para cegos: Foto da cintura para cima do entrevistado Nivaldo Pires, o qual sorri. Foto: Mileide Moreira da Silva


Por Mileide Moreira da Silva



      Nivaldo Pires Carneiro da Cunha Sales nasceu e viveu na cidade de Bayeux até os oito anos de idade. Aos nove anos, mudou-se para a cidade de João Pessoa, Capital do Estado, onde continua residindo. Adotado ainda recém-nascido, conviveu no contexto religioso de matriz africana até a sua adolescência, quando a partir dos 15 anos decidiu fazer parte da religião católica, na qual permanece até hoje, embora não se esquecendo de suas origens. É Bacharel em Relações Internacionais, pós-graduado em Gestão de Pessoas e Psicologia Organizacional, além de ser Analista Comportamental Coaching. Atualmente trabalha no setor de Recursos Humanos da Secretaria de Agricultura do Estado da Paraíba.

      Quando questionado quanto à motivação da mudança de religião, Nivaldo colocou acontecimentos marcantes entre a sua infância e a adolescência, que foram decisivos para que isso acontecesse. Perdeu o pai aos oito anos de idade e a mãe aos nove, tendo sido acolhido pelas irmãs. A partir desse momento, passou a frequentar a igreja católica. Aos 18 anos, fez um teste vocacional e decidiu ir para o seminário, a fim de estudar para ser padre. Em sua mente de adolescente, tinha o sonho de ajudar as pessoas, e, quem sabe, o mundo. “Na minha cabeça infantil de adolescente, de jovem, acreditava que existia o mal e o bem, e, eu resolvi me juntar às pessoas do bem pra fazer o bem...”.

      Alguns pontos foram destacados por ele no que diz respeito aos dois contextos religiosos, sendo que o primeiro que lhe chamou a atenção, foi o discurso proposto pela religião cristã, a partir do momento em que ouviu dizer que quem fosse pra igreja, seria salvo por Deus; quando na oportunidade de estudar dentro do catolicismo, observou que, o que facilita sua expansão, são os registros documentais, o acesso aos veículos de comunicação como o rádio e a TV. Enquanto que, nas religiões de matriz africana, uma das dificuldades de sua expansão, se dá justamente pela falta desses registros, da conquista desses espaços dentro do meio comunicacional. A sua divulgação acontece em grupos isolados, entre os familiares de forma oral, e assim os dogmas e costumes vão sendo transmitidos. A religião, para ele, foi um refúgio, pois lembra que por ter perdido os pais muito cedo, estava passando por momentos difíceis. Outro fator destacado corresponde às questões econômicas, pois, as religiões de matriz africana por ainda enfrentarem muitos preconceitos, são desfavorecidas, ao mesmo tempo em que as consideradas cristãs, são bem vistas por parte significativa da sociedade, diante do discurso salvacionista que é propagado.

       O entrevistado, ao falar sobre as religiões de matriz africana, assim afirmou:“uma característica que me chama para a religião de matriz africana, que me chama para ela, é, que me diz que, ela, representa, verdadeiro reino do céu, onde, Olorum, que quer dizer, senhor do céu, universo; e, que, acolhe todo  mundo, isso, nos rituais, nas gírias, nas festas dos orixás, todos podem participar. Enquanto que, na religião cristã, existem alguns dogmas, os quais, limitam de acordo com regras criadas dentro das instituições”.

      Contudo, não tem como falar sobre a diversidade religiosa e não trazer outras diversidades as quais as religiões estão associadas, por que sempre estarão atreladas de alguma forma. Eis alguns aspectos do tema, de acordo com o ponto de vista de Nivaldo Pires, o qual, inclusive, já atuou como coordenador de igualdade racial no estado da Paraíba.


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