segunda-feira, 23 de junho de 2014
segunda-feira, 16 de junho de 2014
O Pagador de Promessas: representação do sincretismo religioso na cultura baiana
Resenha
Foto: Reprodução/ Youtube |
Lançado em 1962 com direção de Anselmo Duarte, O Pagador de Promessas foi vencedor do
Festival de Cannes na categoria Melhor Filme. O longa-metragem foi baseado na
peça teatral homônima de Dias Gomes, encenada pela primeira vez em 1960, em São
Paulo.
O protagonista é Zé do Burro, um agricultor que sai do
interior da Bahia rumo a Salvador carregando uma cruz nas costas para pagar uma
promessa. O seu melhor amigo, o burro Nicolau, fora atingido por um raio e
encontrava-se muito doente. Depois de ser desenganado sobre a recuperação de
Nicolau por um veterinário, Zé resolve fazer uma promessa para Iansã, em um
terreiro de candomblé, e promete dividir suas terras com os lavradores mais
pobres e carregar uma cruz “tão pesada quanto a de Cristo” até o altar da
igreja de Santa Bárbara.
No entanto, ao contar sua história ao padre Olavo, vigário
da igreja, o protagonista começa a encontrar os obstáculos que vão acompanhá-lo
por todo o correr da história. O vigário, ao saber que a promessa fora feita em
um terreiro de candomblé, recusa-se categoricamente a autorizar a entrada de Zé
na igreja com a cruz, acusando-o de bruxaria.
O enredo da história é todo marcado pelo sincretismo
religioso inerente à cultura baiana. Para driblar seus senhores, que os
obrigavam a cultuar entidades católicas, os escravos fingiam cultuar os santos
cristãos, mas, na verdade, mesclavam sua religião àquela que lhes era imposta.
Assim, Iansã, oxirá a quem Zé do Burro fez a promessa, corresponde a Santa
Bárbara.
O filme consegue mostrar muito bem essa
mescla de religiões. A cena das baianas lavando as escadarias da igreja de
Santa Bárbara com vasos de água perfumada ilustra isso. A presença constante
dos capoeiras nas escadarias também pontua essa forte influência afro na
cultura da Bahia.
O ponto de vista de Zé, irredutível no
que diz respeito a cumprir a promessa de levar a cruz ao altar, também mostra a
mentalidade do povo simples, para o qual não faz diferença se é Santa Bárbara
ou Iansã, igreja ou terreiro de candomblé. O sincretismo já está tão enraizado
na cultura que é incompreensível ao protagonista que o simples fato de ter
feito a promessa em um terreiro vai impedi-lo de cumpri-la. O filme também
retrata a intolerância religiosa por meio da figura do padre, que discrimina
categoricamente a promessa de Zé e a rotula como bruxaria.
Por Érica Rodrigues
quarta-feira, 11 de junho de 2014
Católicos e muçulmanos vão apoiar retirada de vídeos de intolerância religiosa
Arcebispo acredita que medida indica comprometimento com o Estado laico (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil) |
Organizações religiosas vão entrar com pedido na Justiça para participarem como amicus curiae no processo que pede a retirada da internet de vídeos com mensagens de intolerância aos cultos afro-brasileiros. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (11) depois de reunião da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (Ccir), na sede da Arquidiocese do Rio de Janeiro. No encontro, a Igreja Católica e a Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro anunciaram apoio à causa dos praticantes das religiões de matriz africana.
A atuação como amicus curiae vai permitir que sejam ouvidos no processo como terceiros, em benefício do interesse do julgamento. Na quarta-feira (10), o Ministério da Justiça anunciou um grupo de trabalho para debater ações de enfrentamento à discriminação e à violência contra praticantes de religiões de matriz africana, depois de reunião entre o ministro José Eduardo Cardozo e líderes do candomblé e da umbanda, que foram a Brasília pedir garantias para a liberdade de culto.
O arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani Tempesta, disse que, ao decidir participar do processo, a igreja reafirma a defesa da liberdade de expressão e de comunicação em um país laico e “que, portanto, deve respeitar todas as religiões”. “Estaremos junto na necessidade de se fazer respeitar todos os segmentos, seja afro, judeu, cristão ou muçulmanos”, frisou dom Orani.
Da Sociedade Beneficente Mulçumana, o líder Samy Armed Isbelle afirmou que o preconceito persegue várias religiões. “Temos na realidade, hoje, um ataque ao que é sagrado, à religiosidade das pessoas. Na internet, vamos encontrar centenas de vídeos atacando o Islã. Então, nos unimos em defesa do sagrado, na defesa da prática de todas as religiões”, acrescentou.
terça-feira, 10 de junho de 2014
Evangélicos são acusados de destruir escultura católica em Carrapateira
Fiéis são da igreja do Pastor Luiz Lourenço, também acusado por declarações intolerantes (Foto: Reprodução/YouTube/Diário do Sertão) |
Um grupo de evangélicos da cidade
de Carrapateira, no Sertão da Paraíba, está sendo acusado pelo padre Querino
Pedro Cirilo, líder da paróquia de Santo Afonso, por intolerância religiosa ao
destruir, urinar e atear fogo em uma escultura de Nossa Senhora. Segundo o
pároco, o caso teria acontecido na última terça-feira (03).
Os acusados são membros da Igreja
Pentecostal Rio de Águas Vidas, presidida pelo Pastor Luiz Lourenço, mais conhecido
como “Pastor Pororoca”. Além dos atos de vandalismo, o grupo ainda é denunciado
por discursos odiosos em relação a fiéis católicos, ao afirmarem que estão
“condenados ao inferno”.
Por meio de nota de agravo na
internet, a Diocese de Cajazeiras, da qual a paróquia de Carrapateira faz
parte, repudiou as atitudes do grupo fundamentalista, que classificou como
ignorantes. “Sabe-se que todos têm direito e liberdade de expressar sua fé, mas
viola a Lei e o valor ético quando interfere e mais ainda, difama e agride a Fé
alheia. Os Católicos veneram Maria como Mãe de Deus e da humanidade e para tanto
merecem o mínimo de respeito”.
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segunda-feira, 9 de junho de 2014
Intervenções Religiosas
A diversidade religiosa e o respeito
às crenças ainda consiste em um assunto que gera muitas polêmicas. No entanto,
nas ruas da cidade podemos ver a manifestação de diversas religiões e ritos em
forma de interferências artísticas. Cartazes, panfletos, adesivos de carros,
estátuas e monumentos são usados como meio de expor as religiões e também como
símbolos representativos. Confira abaixo alguns exemplos dessas interferências
espalhadas pela cidade.
Crédito: Manoela Raulino/arquivo pessoal |
- A cruz é um dos símbolos mais conhecidos
pela humanidade e é utilizada tanto pela comunidade católica quanto pela
protestante.
- Nessa imagem vemos o terço como
adesivo para carro. Essa intervenção é amplamente utilizada pelos católicos.
Crédito: Manoela Raulino/arquivo pessoal |
- O esoterismo tem tomado espaço em nossa sociedade. Cartomancia,
búzios, leitura de mão são exemplos dessas crenças.
Crédito: Manoela Raulino/arquivo pessoal |
- O símbolo do peixe é muito
utilizado pelos cristãos. Ele remete ao fato de Jesus Cristo ter andado entre
pescadores e se autointitulado "pescador de homens".
Créditos: Manoela Raulino/arquivo pessoal |
- As religiões orientais têm ganhado
adeptos por todo o mundo. Esse método da meditação, inclusive é utilizado
também por outras religiões.
terça-feira, 3 de junho de 2014
Colóquio aborda o conflito entre Religião e Diversidade Sexual
O vídeo, postado no Blog Cidadania e Diversidade Sexual, traz a resposta da Coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisa Sobre Mulher e Relações de Sexo e Gênero, o Nipam. Confira! (Daniel Lustosa)
Fonte: Blog Cidadania e Diversidade Sexual – Cidadania em Pauta
http://cidadaniaediversidadesexual.blogspot.com.br/2014/05/coloquio-diversidade-sexual-parte-v.html
segunda-feira, 2 de junho de 2014
Você conhece a lei que garante proteção aos grupos étnicos, raciais e/ou religiosos?
A lei, que é datada de 1985, já
garantia a cobertura nos casos de danos ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens
e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico, paisagístico e
de infração da ordem econômica. Com a mudança, a ação passa a garantir também o
livre direito à diversidade religiosa, racial e cultural.
Antes de chegar às mãos da
presidenta, o texto foi aprovado no Senado Federal, em março deste ano, mas a
sua elaboração é datada de 1997, pelo então senador Abdias Nascimento, morto em
2011. O parlamentar paulista foi um dos maiores defensores da cultura e
igualdade das populações afrodescendentes no Brasil.
Clique aqui e veja o texto da Lei 7.347 na íntegra.
Clique aqui e veja o texto da Lei 7.347 na íntegra.
Daniel Sousa
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domingo, 1 de junho de 2014
Sincretismo religioso no Brasil Colônia
O Brasil, graças ao seu processo de colonização, possui uma
grande diversidade de religiões, muitas delas extremamente marcadas pelo
sincretismo. O texto abaixo, de Ronaldo Vainfas, publicado na Revista de
História, expõe como funcionava o sincretismo religioso na época do Brasil
Colônia (Érica Rodrigues).
Ilustração: Érica Rodrigues |
Sincretismo nosso de
cada dia
Cotidiano do período
colonial mostra como é difícil sustentar estereótipos no campo da religiosidade
Entre os documentos das visitações inquisitoriais enviadas
ao Nordeste brasileiro no final do século XVI, vários dão pistas da
religiosidade popular da Colônia. Um senhor de escravos, cristão-novo, mandou
Cristo à merda ao acompanhar a procissão do Santíssimo Sacramento na Bahia
seiscentista. Uma cigana
espanhola, em meio a um temporal nas ruas de Salvador,
gritou: “bendito sea el carajo de Cristo que mija sobre mí”. Outro gostava de
colocar o crucifixo embaixo da cama, para dar sorte, quando transava com a
esposa – o que não deu certo, pois a mulher era adúltera. Um senhor de escravos
do Recôncavo Baiano resolveu abrigar nas suas terras uma seita indígena meio
tupinambá, meio católica, e ainda se ajoelhava diante do ídolo de pedra que os
índios cultuavam. O chefão da seita dizia nada menos que era o verdadeiro papa
e sua mulher, ou a principal delas, ostentava o título de Santa Maria Mãe de
Deus. Falando nisso, e pulando para o século XVIII, Tereza de Jesus,
cristã-nova pela metade, pois a mãe era católica, disse que Santa Maria e Santa
Esther eram a mesma coisa, assim como Cristo e Moisés eram parecidos. Morava no
Rio de Janeiro, morreu queimada em Lisboa.
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