Descrição para cegos: a imagem mostra a professora Deborah Cabral, no canto esquerdo da foto, olhando para a professora Suelma Moraes que está falando ao microfone, no lado direito da foto, e olhando para Deborah. Suelma está apoiando os braços em uma mesa de madeira. Ao fundo, uma parede de tijolos aparentes.
Por Chrisley Wellen
A
palavra tolerância vem do latim “tolerare”, que significa suportar, aceitar. De
acordo com o dicionário Aurélio, é o ato de indulgência ou condescendência
perante algo que não se quer ou não se pode impedir. A indulgência está
relacionada com a clemência, tolerância e o perdão; é o ato de absolver alguém
de um castigo ou punição. Já a condescendência tem relação com a ação de
concordar com algo, embora tenha vontade de recusá-lo.
Dito isto, compreendemos a carga
negativa que a palavra tolerância traz em sua essência. E porque se fala tanto
em tolerância quando a palavra de ordem deveria ser respeito? Pense, a palavra
respeito vem do latim “respectus” - que é um sentimento positivo - significa
“olhar outra vez” e tem como sinônimos o apreço, a consideração e a deferência.
O respeito busca olhar o próximo nas
suas particularidades e diferenças. Respeitar não significa concordar em
absolutamente tudo com alguém, mas significa não discriminar ou mesmo ofender
uma pessoa por conta de suas escolhas. Falar sobre um determinado tema com
respeito é criar um diálogo ponderado e sensível acerca da temática; falar
sobre um tema baseado na tolerância é manter um diálogo onde as pessoas se
sentem obrigadas a aceitar o que foi posto em questão.
Respeitar
e aceitar não são sinônimos. “Eu aceito que meu filho seja umbandista, ele sabe
o que é melhor para ele, mas acho que essa religião é do demônio”. “Eu respeito
a escolha do meu filho de ser umbandista, pois nós devemos estar onde nos
sentimos bem”. A diferença é clara, o discurso da tolerância é altamente preconceituoso,
enquanto o do respeito é acolhedor.
Então,
por que falamos tanto em tolerância religiosa quando, na verdade, o que deve
haver é o respeito às diversidades religiosas? É exatamente sobre essa temática
que o grupo Gênero e Diversidade na
Escola: a importância da formação docente vem trabalhando nos últimos três
meses. Este projeto é orientado pela professora Deborah Cabral, do Departamento
de Fundamentação da Educação da UFPB.
Na
última terça-feira (25), o grupo organizou uma oficina para tratar sobre a
diversidade religiosa e como trabalhá-la no ambiente escolar. Ela consistiu
numa roda de conversa entre o grupo – composto por bolsistas, voluntários e a
orientadora – e os participantes da oficina. A diversidade religiosa e o ensino
religioso nas escolas foram os temas centrais, mas levando em consideração o momento
político em que vivemos, no qual a Proposta de Emenda Constitucional – PEC 241
– foi aprovada pela Câmara dos Deputados e passa a tramitar no Senado, e o
projeto de lei Escola Sem Partido está ganhando cada vez mais espaço no cenário
político nacional, esses assuntos também foram abordados durante toda a
discussão.
A
base da diversidade religiosa é o respeito à fé, ou à falta dela, de cada ser
humano. E para respeitar, você precisa conhecer. Por isso, é tão importante que
essas discussões acerca da diversidade religiosa aconteçam desde a escola base
até o ensino superior, seja para quebrar estigmas e estereótipos, seja para o
conhecimento que desencadeará o diálogo, de onde surgirá o respeito à
religiosidade do outro. A problemática do ensino religioso nas escolas hoje, é
que em sua maioria há o ensino confessional, o qual os alunos aprendem sobre
uma única religião, seguida pela professora ou determinada pela escola. Isso
não é diversidade religiosa! A finalidade da disciplina é estudar o fenômeno
religioso e não religião.
Apesar
das péssimas condições, ainda há um espaço para se discutir diversidade religiosa.
Entretanto, com as ameaças da PEC 241 e da Escola Sem Partido, os professores
temem um retrocesso e que nós, enquanto sociedade, criemos jovens e adultos sem
nenhum senso crítico. Por isso, docentes e discentes de todo o país estão se
mobilizando, seja através das redes sociais, por meio de protestos, ocupações
ou até mesmo greves, e o objetivo é um só: não deixar um governo golpista
acabar com o nosso Brasil.
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