terça-feira, 15 de setembro de 2015

Clara Nunes e a diversidade religiosa na música

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Descrição para cegos: Clara Nunes
trajando um vestido branco e abraçando
uma mulher negra que veste uma roupa
parecida com a sua.


Por Igor Duarte

Uma das cantoras mais conhecidas da música popular brasileira foi também uma das que mais se posicionou com relação às suas crenças. Clara Nunes, intérprete de músicas que fizeram sucesso como “Canto das Três Raças”, “O Mar Serenou”, “Tristeza Pé no Chão”, era convertida à umbanda, mas tinha relações estreitas com o candomblé e espiritismo.
Mineira de Paraopeba, começou aos 10 anos sua carreira e, em 1965, se mudou para o Rio de Janeiro, onde passou a frequentar a umbanda. A religião teve forte influência na identidade musical da cantora. A construção da carreira de Clara Nunes relacionou profundamente a raiz afro da cultura nacional com a música popular brasileira. Usando gêneros como samba, choro e baião, suas interpretações introduziam ao público referências aos orixás, santos e aos símbolos da sua religião. Nas apresentações, se vestia com colares, guias de santo, vestidos longos, turbantes e renda, reafirmando sua crença.
Em uma época que a religião africana ainda era um tabu, “A Guerreira” teve papel importante na quebra de paradigmas em suas gravações. A temática afrorreligiosa nas suas músicas rendeu a ela o título de primeira mulher brasileira a vender mais de cem mil cópias de disco, com o repertório reconhecidamente voltado ao candomblé e à umbanda.

A vibrante intérprete muitas vezes era noticiada pelos rituais, restrições alimentícias, cores de roupa e outras associações feitas pela imprensa, que ainda perduraram após sua morte. No entanto, a colaboração da filha de Ogum e Iansã, Clara Nunes, para a música, cultura e diversidade religiosa afro-brasileira ultrapassaram e ultrapassam todas as barreiras do preconceito e tempo.

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